FESTA DA PADROEIRA MISTURA CULTURA E TRADIÇÃO HÁ SÉCULOS

14/09/2023 15h38 | 641

De 1 a 10 de setembro, celebração à Nossa Senhora dos Remédios reuniu turistas e paratienses em shows de mais de 15 artistas; grupo Fundo de Quintal foi a principal atração

Comemorada há mais de 300 anos em Paraty, a Festa de Nossa Senhora dos Remédios uniu tradição e cultura numa extensa programação de 10 dias. A parte religiosa teve início dia 30 de agosto e acabou na última sexta-feira, dia 8. As apresentações culturais iniciaram dia 1º de setembro e encerraram na tarde do dia 10. A celebração foi realizada pela Paróquia de N. Srª dos Remédios e contou com apoio da Prefeitura de Paraty, por meio da Secretaria de Cultura.

O grupo Fundo de Quintal foi uma das principais atrações do evento, na sexta-feira (8). Com a presença dos criadores da banda, Bira Presidente, aos 86 anos, e Sereno, 83, os músicos cariocas cantaram um repertório repleto de clássicos do samba brasileiro. "O Show Tem Que Continuar” foi a primeira da seleção, passando por "Irene", "A Amizade", "Vou Festejar" e encerrando com "Caciqueando", composição em homenagem ao Cacique de Ramos, grupamento carnavalesco também fundado pela dupla octogenária. "Obrigado ao melhor público do Brasil", disse Bira emocionado.

A falta de energia elétrica na cidade oportunizou cenas bonitas, especialmente quando os vocalistas pediram para a plateia acender e levantar a lanterna dos celulares. A resposta resultou em um mar de luzes bem no estilo dos grandes festivais. O abastecimento da energia retornou poucas horas após o fim do show.

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No contexto local, dois artistas paratienses chamaram a atenção da plateia: Laura Mariá, mestra quilombola do Campinho que misturou composições autorais em um cenário com flores, folhas e defumadores na abertura da programação, dia 1º, e Luis Perequê, cantor com 40 anos de carreira que apresentou canções dos últimos discos, algumas inéditas do projeto ‘Assim na Serra Como no Mar’, onde cruza elementos da realidade caiçara e caipira, e outras três voltadas para o público infantil.

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Com o repertório dividido também com referências, como Elza Soares e Jorge Aragão, Laura fez um show bonito para os olhos, para os ouvidos e para a alma. A mestra cantou acompanhada de outros nove músicos. Toda cenografia cumpriu o papel de evidenciar a ancestralidade da artista.

A tradição da Festa de Nossa Srª dos Remédios, além da religiosidade, também se manifesta na cultura e na passagem de gerações. A segunda noite da programação (2) seguiu reunindo artistas que refletem diferentes tempos da cena musical de Paraty. O público de Luis Perequê, que está comemorando 40 anos de carreira, cantou com ele as populares "Cantilena", "Pé de Moleque", "Eu Brasileiro" e muitas outras marcadas, sobretudo, na memória dos paratienses de variadas idades.

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O samba e o pagode brasileiro foram os gêneros musicais mais tocados nas duas semanas da festa, seguido da ciranda caiçara representada por três grupos formados em Paraty: Os Caiçaras, Cirandeiros de Parati e Ciranda de Tarituba, adaptados com nova geração de instrumentistas e divulgados com o nome paralelo Os Praianos.

A caiçara Lara Bulhões faz parte de ambos os grupos (Os Praianos e Ciranda de Tarituba) e conta que desde pequena vivenciou diferentes experiências nas apresentações. "Por ser uma tradição familiar, faço parte da Ciranda de Tarituba desde que nasci, e como cresci nesse meio, pra mim sempre foi algo muito comum do meu dia a dia. Só a partir da minha adolescência que comecei a perceber a potência do que nós fazíamos enquanto movimento cultural".

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Os grupos Samba de Rosena, Chega Mais e Amigos do Samba cantaram, entre uma e outra autoral, o repertório de figuras nacionais, a exemplo de João Nogueira, Beth Carvalho e Sorriso Maroto. Formado por cinco paratienses, o grande destaque do repertório dos Amigos do Samba, no último dia da festa, foi a composição autoral escrita pelos músicos Jorge Luis Correa e Carmo Miguel da Silva, "Tudo Isso é Paraty", samba escrito em agosto deste ano e que homenageia características da cultura e da história de Paraty.

Por falar em história, a tradicional Banda Santa Cecília, ativa desde 1954, acompanhou os cortejos diários pelas ruas da cidade com destino à residência de devotos e à igreja paroquial no Centro Histórico.

A nova geração de cantores paratienses tiveram espaço na grade de shows organizada pela Secretaria Municipal de Cultura de Paraty. O forró caiçara do Chama Maré e o pé-de-serra do Trio Maria Aurora; o pop autoral de Karina Braz; a black music de Rogério Fortunato; o pop rock interpretado por Raphael Moreira e o ecleticismo rítmico de Moreira Jr. foram admirados pelo público presente no estacionamento da Matriz. Com o mesmo critério de misturar diferentes gerações, os djs Bebeto, Marino Mix, Pagu, Orkidia e Calixto Loop animaram os intervalos e convidaram as bandas ao palco, como mestres de cerimônia.

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Gastronomia e artesanato

Além das missas, procissões e apresentações musicais, a festa da padroeira incluiu na estrutura do evento, durante os 10 dias, cerca de 30 participantes divididos entre artesãos e profissionais da gastronomia, todos credenciados nos programas municipais 'CriAtividades' e 'Produção Artesanal'.

Nos últimos meses, ambas as iniciativas integradas ao Programa Cultura Viva Paraty, da Prefeitura de Paraty, realizadas por meio da Secretaria de Cultura, participaram dos eventos do calendário turístico e cultural do município, fortalecendo a economia criativa e valorizando o artesanato e a gastronomia paratiense.

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