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10º ENCONTRO BRASILEIRO DAS CIDADES HISTÓRICAS TURÍSTICAS E PATRIMÔNIO MUNDIAL

10º ENCONTRO BRASILEIRO DAS CIDADES HISTÓRICAS TURÍSTICAS E PATRIMÔNIO MUNDIAL

07/08/2023 15h10 | 802

11º Encontro acontecerá em Sergipe, na cidade de São Cristóvão

Paraty sediou o 10º Encontro Brasileiro das Cidades Históricas Turísticas e Patrimônio Mundial entre os dias 1º e 4 de agosto de 2023. O Encontro teve como objetivo avançar nas discussões para o desenvolvimento do turismo nas cidades históricas, turísticas e Patrimônio Mundial, bem como oportunizar a criação de um Marco Legal em benefício dos sítios reconhecidos com o título da UNESCO.

A participação das lideranças e autoridades foi essencial para discussão e troca de experiências e também serviu como palco para conhecerem os desafios para gestão patrimonial, cultural e turística. A reunião possibilitou a construção de propostas que fortalecem o poder de cooperação e o potencial para a geração de trabalho e renda. 

Em 2024, o evento será sediado no município de São Cristóvão, no estado de Sergipe. A cidade abriga a Praça São Francisco, reconhecida com a honraria máxima da UNESCO desde 2010 por seu valor cultural excepcional. O prefeito sergipano Marcos Santana esteve em Paraty durante o encontro e participou de inúmeros debates com os demais prefeitos.

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Abertura

O evento reuniu painéis, visitas técnicas e extensa programação cultural. Na abertura, o público e autoridades acompanharam o emocionante show do paratiense Raphael Moreira, com interpretações de músicas icônicas de Paraty, incluindo canções do poeta Zé Kléber. Na sequência, a Orquestra Sinfônica Municipal tocou o Hino Nacional e o hino da cidade. 

Antes do coquetel e da apresentação da Ciranda Caiçara e Cia Dança e Arte, a cerimônia trouxe falas potentes a respeito da salvaguarda do Patrimônio Material e Imaterial. O ministro Herman Benjamin, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), ressaltou que é fundamental para as cidades históricas e turísticas que possuem o título assegurar a preservação. "As gerações futuras devem receber os bens com as restauração garantida, melhor preservados do que recebemos de nossos antepassados". 

Mário Augusto Ribas do Nascimento, presidente da OCBPM (Organização das Cidades Brasileiras Patrimônio Mundial), grupo responsável pela produção do evento, lembrou que atualmente estamos vivenciando no país experiências novas. "Nosso trabalho valoriza o potencial do país, o crescimento e desenvolvimento do turismo como política de Estado, para transformar o Brasil em um dos principais destinos turísticos do mundo".

Representando a ministra da Cultura Margareth Menezes e Leandro Grass, presidente do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), o diretor do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização Andrey Schlee afirmou que o Patrimônio só tem sentido quando melhora a vida das pessoas. "Nós temos que festejar, porque aqui em Paraty eu vejo que há espaço para estabelecermos dialógo". 

Cacique Pedro Karai Rokajù, Marcela Cananéa e Vagner do Nascimento representaram o Fórum de Comunidades Tradicionais e subiram ao palco para ler a Carta Aberta, pontuando a respeito dos territórios vivos, da cultura, tradição e resistência. "Precisamos ser ouvidos em nossas demandas, necessidades e sonhos", afirmou Vagner.

O prefeito Luciano Vidal agradeceu a manifestação das lideranças, enfatizando o respeito pelo encontro. Ana Fraga, superintendente nacional da Caixa Econômica Federal, destacou o quanto a cultura garante uma sociedade igualitária e diversa. Para Marcelo Freixo, presidente da Embratur, a cultura e o turismo movem a felicidade. "Desejo que os encontros nesses dias em Paraty possam ser de grande troca de experiências".

Paraty é Patrimônio Mundial e Cidade Criativa da Gastronomia pela Unesco. Os títulos são reconhecimentos dos saberes e sabores dos povos caiçaras, indígenas e quilombolas.

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História e tradições

No segundo dia, a história e as tradições do Quilombo do Campinho foram os destaques do Encontro. A família do Sr. Valentim, mestre do Campinho, e as artesãs Sueli Martins Mariano, Aguimaria Martins Mariano, Catia Bento, Margarida Alves da Conceição e Rosangela Jota foram convidadas para conversar com o público sobre o tema 'Comunidades Tradicionais: Artesanato e Ancestralidade'.

"A chance de mediar uma mesa nesse evento falando sobre artesanato, tradições, sabedoria, costumes e ancestralidade é semear uma semente que certamente irá germinar", declarou Rosangela. "Agradeço muito às pessoas que apostaram em mim".

Moradora do Campinho, Sueli também agradeceu pela oportunidade de contar sobre o seu trabalho. "Foi muito gratificante mostrar minha arte e compartilhar os usos da matéria-prima que escolho para as minhas peças. Eu colho a taboa, planta nativa de Paraty, no brejo, e conheço a importância dessa palha: é alimento, planta medicinal, pode ser colocada em telhados, pode ser até transformada em barco".

Durante a tarde, a primeira visita técnica do evento levou participantes para conhecerem o Quilombo do Campinho, primeiro a receber a titulação no estado do Rio de Janeiro. No roteiro os saberes e fazeres das famílias moradoras, bem como o artesanato, técnicas de agroecologia e a casa da farinha, encantaram os visitantes!

O secretário de Cultura de Paraty Zé Sérgio Barros participou do 'Painel 1 - Modelos de Gestão do Patrimônio', falando a respeito dos desafios da gestão do Patrimônio Misto e apresentando programas e ações de salvaguarda desenvolvidas, de maneira transversal, pela prefeitura.

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Na visita técnica "Leituras do Território", guias turísticos narraram os ciclos que marcam a trajetória histórica da cidade e apresentaram a Igreja Matriz Nossa Senhora dos Remédios, a Igreja do Rosário e a exposição "Por uma história cultural de Paraty (1945-2019)", em cartaz na Casa da Cultura. Após o passeio pelo Centro Histórico aconteceu a apresentação da Orquestra de Violões de Paraty, composta por jovens e crianças do Programa de Educação Musical da Casa da Cultura.

No Cinema da Praça, o presidente do IHAP Bruno Michel apresentou ações e projetos do Instituto Histórico e Artístico de Paraty. Durante a noite a "Mostra Patrimônio Imaterial" exibiu curta-metragens em homenagem aos 20 anos da Convenção para Salvaguarda do Patrimônio Imaterial.

Painel Paraty

No terceiro dia, o Cinema da Praça recebeu o "Painel Paraty", programação complementar com iniciativa da Prefeitura Municipal de Paraty, por meio da Secretaria de Cultura em conjunto com a UNESCO e o IPHAN.

No debate sobre os programas 'CriAtividades' e 'Cultura e Educação', a chef Luciana Müller, a educadora e instrutora Elza Keiko e o secretário municipal de Cultura Zé Sérgio Barros debateram a entrada da Secretaria de Cultura nos territórios paratienses por meio de oficinas e integração sociocultural, visto que durante os últimos meses os programas movimentaram as comunidades com ações pedagógicas de pertencimento e cursos de gastronomia.

Müller destacou a trajetória profissional até a chegada em Paraty e o quanto tem aprendido com os participantes da qualificação gastronômica que já formou cerca de 120 cozinheiros. Keiko, por sua vez, comentou e expôs os ‘mapas afetivos’ desenvolvidos com crianças de localidades como Ponta Grossa, Ilha do Araújo, Mamanguá, APAE e outros.

O secretário de Cultura falou sbre a atuação da Prefeitura de Paraty, através da secretaria, na efetivação dessas políticas públicas. Ao falar do 'CriAtividades' pontuou que a inciativa, com entrada nos eventos municipais, já movimentou cerca de $1 milhão de reais, revertidos para artesãos, artistas e profissionais da gastronomia.

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CPDOC 

O painel 'Políticas Públicas: CPDOC e editais' reuniu o historiador paratiense Diuner Mello, a coordenadora do CPDOC - Paraty Dora Castro e o técnico em documentação Pedro Zubelli. Na mediação, o secretário de Cultura Zé Sérgio Barros aproveitou o espaço para falar a respeito do trabalho realizado pelo Centro de Pesquisa e Documentação de Paraty, que tem como principal missão, por exemplo, a pesquisa, documentação, preservação e disponibilização de obras artísticas, arquivamento videográfico e de registro oral. "O acervo e a documentação são trabalho ímpar para cuidar das histórias e memórias de Paraty, com a reunião e o registro digitalizado de documentos e acervos institucionais e familiares, além do restauro de obras históricas".

No encontro os participantes conheceram projetos e ações realizados pela equipe, como o Centro de Referência da Memória, que promove o registro de festas tradicionais, fazeres e saberes da cultura local e mestres da região, eternizando a nossa diversidade cultural. As pessoas também foram convidadas a visitar a exposição 'Olhares do Território' e a exposição permanente 'Vultos Ilustres', em cartaz no espaço do CPDOC, na sede da Secretaria de Cultura, na Patitiba.

O CPDOC é um centro de memória que deve ser construído de forma colaborativa, em conjunto, e tem como finalidade receber estudantes de instituições públicas e privadas para divulgação e intercâmbio em campanhas de sensibilização comunitária. É importante que cidadãos e instituições colaborem com o trabalho participando dos projetos e fornecendo informações e doações para o acervo. Para Diuner, iniciativas educativas são imprescindíveis para que crianças e jovens aprendam e entendam o quanto a preservação é essencial. "O intercâmbio entre entidades detentoras de documentos e materiais é necessário, porque ninguém vive sozinho", reiterou. "O município somos nós, e juntos assumimos perante a UNESCO a responsabilidade de preservar para as gerações futuras nossos patrimônios material e imaterial".

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Jongo do Campinho e Ciranda Caiçara

A programação do 10º Encontro Brasileiro de Cidades Históricas Turísticas e Patrimônio Mundial teve momentos muito especiais de celebração da cultura e da história. Na praça do evento, o grupo de Jongo do Quilombo do Campinho reverenciou a ancestralidade e as tradições da manifestação cultural marcada pelo canto, pela dança e pela percussão. Para Ana Cláudia Martins, contramestre do Jongo do Campinho, é de extrema importância trazer a cultura viva para o espaço do evento. "A mestra sempre fala que patrimônio não é só arquitetura", declarou, em referência à mestra quilombola Laura Santos.

"O Jongo é espaço político e pedagógico, e nós queremos passar a nossa tradição adiante para as novas gerações", afirmou}{´ñ p0'pAna Cláudia antes de ouvirmos ecoar na Praça da Matriz as vozes de crianças e jovens que participam do grupo.

Durante a tarde, os versos da Ciranda Caiçara também encantaram visitantes e moradores que estiveram presentes no IHAP (Instituto Histórico e Artístico de Paraty). A apresentação com a conhecida dança de roda que reflete a identidade cultural caiçara aconteceu logo após a Camerata na Igreja de Santa Rita - o grupo de cordas da Casa da Música trouxe um repertório de música de câmara.

Outros destaques do terceiro dia do Encontro foram a 'Experiência Paraty', com a visita técnica logo pela manhã para observação de aves no mangue da Terra Nova; e a visita na Aldeia Itaxim Guarani M’Biá, em Paraty-Mirim.

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Patrimônios material e imaterial

No último dia aconteceu o painel 'Educação Patrimonial' com a mediação da professora Flora Salles e a participação da secretária de Educação Gabriela Gibrail, a oficial de projetos do setor de Cultura na representação da UNESCO no Brasil Virginia Casado (UNESCO), a presidente da Fundação Municipal de São Luís Kátia Bogéa, representantes de escolas da rede pública de ensino e representantes de comunidades tradicionais.

O público teve a oportunidade de conhecer práticas e iniciativas que estão moldando o futuro do patrimônio no município de Paraty, além de projetos e ações que têm como principal objetivo despertar o amor e o cuidado por nossas tradições desde a infância. A programação complementar é uma iniciativa conjunta da Prefeitura Municipal de Paraty, UNESCO e IPHAN, e celebra os 20 anos da Convenção para Salvaguarda do Patrimônio Imaterial, que solidificou a ideia de que os saberes e fazeres de uma população devem receber a mesma atenção que as construções históricas. Durante a noite a 'Mostra Audiovisual Patrimônio Imaterial' exibiu filmes com retratam o patrimônio imaterial de diferentes cidades no Brasil e em outros países

Na praça do evento o painel 'Gestão do Patrimônio Cultural - Uma Responsabilidade Coletiva' teve como temas a gestão do Patrimônio Mundial, a relação entre Patrimônio e turismo, projetos de sinalização e a iniciativa na cidade de Congonhas/MG, o Circuito de Cavalhadas de Goiás/GO, a paisagem cultural do Rio de Janeiro/RJ e experiências das comunidades tradicionais no Parque Nacional da Serra da Bocaina em Paraty/RJ.

De tarde a visita técnica 'Leituras do Território' levou as pessoas para conhecer o Museu do Forte Defensor Perpétuo. Após a visita à exposição 'Modos de Fazer' e ao espaço da antiga casa de pólvora foi oferecido um delicioso Café Caiçara no gramado, onde é possível apreciar uma das mais belas paisagens de Paraty, com vista para a Baía e o Centro Histórico.

No início da noite a Igreja Matriz Nossa Senhora dos Remédios recebeu a apresentação espetacular da Orquestra Sinfônica Municipal de Paraty, aplaudida de pé depois da plateia pedir duas vezes pelo bis. Sob a batuta do maestro Weslem Daniel, a Orquestra reúne jovens aprendizes e músicos da cidade.

O encerramento teve a participação da Banda Santa Cecília acompanhando o cortejo dos tradicionais bonecos do Bloco Arrastão do Jabaquara.

De 1° a 4 de agosto o público pode visitar expositores do 'Programa de Produção Artesanal' e degustar receitas tradicionais no 'Café CriAtividades', ambos instalados na praça do 10º Encontro Brasileiro de Cidades Históricas Turísticas e Patrimônio Mundial.

Carta de Paraty

Assista à leitura da carta a partir do tempo 4:06:25.

 

Texto: Débora Monteiro e Matheus Ruffino

Fotografia: Filipe Campos e Nathã Lima

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