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Centro de Referência da Ciranda de Tarituba

A tradição de baile popular que inclui várias modalidades de dança combinando influências indígenas (danças circulares), portuguesas (sapateados e danças enlaçadas) e francesas (danças de figuração coletiva, como quadrilha e minueto) e remonta a mais de um século e meio, conhecido em Paraty sob o nome coletivo de “Ciranda”, tem no Grupo de Danças Folclóricas de Tarituba um dos mais persistentes e consistentes responsáveis por sua preservação e difusão – o que o torna um detentor efetivo dos saberes e fazeres populares transmitidos de uma geração a outra nessa vila de pescadores no extremo norte do município de Paraty. A história oral faz retroceder sua origem à década de 1930 – em que se relata que a vila teria 16 casas de telhado de sapê e uma de telha – e à família Bulhões: Pedro Candinho Marins de Bulhões e seus três filhos, José Pedro, Benedito José, e Francisco José de Bulhões, conhecido como Mestre Chiquinho, sendo os três mestres da Folia e exímios instrumentistas, sobretudo na viola. Com certeza a atuação de Mestre Chiquinho (1906-1992) e seu grupo era significativa o suficiente no início da década de 1970 para atrair o interesse da folclorista Maria de Cássia do Nascimento Frade – em processo que levou ao primeiro registro fonográfico do grupo e a sua organização em associação.

A gravação do disco compacto foi realizada em 06/12/1975, produzido pela Funarte e lançado em 1976 como o volume 11 da série Campanha da Defesa do Folclore Brasileiro; a Associação Recreativa e Folclórica de Tarituba (ARFT) foi fundada em 16/05/1975. Com recursos provenientes da gravação do disco, foi construída a sede da ACRFT em Tarituba, em terreno doado para esse fim por Ary de Souza Leite. Seguem-se três décadas de intensas atividades na promoção e difusão da Ciranda, com inúmeras apresentações em outras cidades (sobretudo Rio de Janeiro, capital; mas também interior do estado e SP através do Sesc) além da habitual presença nas Festas tradicionais de Paraty; e em 2004, novo disco foi gravado, o CD que acompanha o livro Vamos indo na ciranda – Mestre Chiquinho de Tarituba: de bailes e histórias, de Antonio Eugênio do Nascimento,  Pedro José de Bulhões Netto e Simone Ferreira Bulhões (Rio de Janeiro: DP&A, 2004). Todavia, em 2006, a ACRFT perdeu o imóvel em que tinha sua sede em ação de reintegração de posse movida pelo espólio de Ary de Souza Leite. A ACRFT recorreu então à Prefeitura de Paraty, que entrou com ação de desapropriação do imóvel como de utilidade pública para fins de fomento a cultura, sendo a imissão de posse obtida pelo município de Paraty em 20/09/2010.

Mesmo sem sua sede, a ACRFT continuou suas atividades, tornando-se Ponto de Cultura em 2010, quando então criou a Escola de Ciranda de Tarituba, com oficinas de música, dança e artesanato, tendo sido indicada ao Prêmio de Cultura do Governo do Estado do Rio de Janeiro na categoria Patrimônio Imaterial em 2011. Considerando todo esse histórico, a atual administração municipal decidiu dar prosseguimento à utilização do imóvel para os fins para os quais fora desapropriado, propondo a criação do Centro de Referência da Ciranda de Paraty – equipamento cultural público cuja gestão ficará ao encargo da ACRFT, devido a seu histórico de mais de 40 anos de atividades voltadas para o resgate, preservação e fomento das danças tradicionais de Paraty, conforme consolidado em sua alteração estatutária de 14/05/2011, em que a ARFT passa a se denominar Associação Cultural, Recreativa e Folclórico de Tarituba (ACRFT) e são reafirmados seus objetivos de fomento, divulgação e promoção do patrimônio caiçara de Paraty.    

 

O CENTRO DE REFERÊNCIA DA CIRANDA DE PARATY tem como objetivos:

1. a preservação da memória da Ciranda e demais danças tradicionais relacionadas de Tarituba e do município de Paraty, através do levantamento e sistematização da documentação referente (em parceria com o IBRAM);

2. o fomento da música e danças tradicionais, através dos ensaios do Grupo de Danças Folclóricas de Tarituba, aulas e oficinas abrangendo todas as diferentes modalidades (Ciranda e Chiba Cateretê: Cana verde, Caranguejo, Arara, Cabôco Véio, Mariquita, Canoa, Limão, e Tonta, entre outras; Folia de Reis; Pastorinhas; Congada);

3. a difusão dessas danças e músicas em apresentações em Paraty e outras cidades, bem como através da produção e divulgação de registros audiovisuais.

A gestão do CENTRO ficará ao encargo da Associação Cultural, Recreativa e Folclórico de Tarituba (ACRFT), que tem entre seus objetivos: “fomentar pesquisas e ações que contribuam com a defesa e preservação da Ciranda e Chiba Cateretê, Folia de Reis, Pastorinhas; Festa junina, brinquedos, culinária típica caiçara e artesanatos; promover oficinas e cursos; divulgar e promover o patrimônio cultural caiçara brasileiro; criação de um centro de memória sobre a cultura popular e caiçara brasileira”.

Equipamentos Culturais

Integrados à estrutura da Secretaria Municipal de Cultura, os equipamentos culturais reúnem uma série de funcionalidades estratégicas com intuito de oferecer e difundir políticas públicas à sociedade paratiense e turística. São eles: Cinema da Praça, Casa da Cultura, Casa da Música, Biblioteca Municipal, MAR - Mercado das Artes, Ciranda de Tarituba e outros em construção.