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FESTA DO DIVINO - PATRIMÔNIO CULTURAL BRASILEIRO

FESTA DO DIVINO - PATRIMÔNIO CULTURAL BRASILEIRO

18/05/2023 22h40 | 2678

Em 2023 a Festa do Divino Espírito Santo de Paraty celebra 10 anos do Registro pelo IPHAN como Patrimônio Cultural do Brasil

“O pedido de Registro da Festa do Divino, encaminhado pelo Instituto Histórico e Artístico de Paraty – IHAP – ao IPHAN, com anuência de importantes interlocutores e detentores do bem cultural, representados pela Paróquia, por membros da Comissão da Festa e da Prefeitura local, tem como justificativa ‘a antiguidade da Festa do Divino, sua originalidade e excepcionalidade, já que guarda semelhanças com as festas do Divino que são celebradas ainda hoje nos Açores, de maneira que em Portugal continental, e em outras cidades do Brasil, essas características originais já teriam se perdido’. Ressalta-se o envolvimento dos paratienses na festa religiosa mais importante do município que, no entanto, com as transformações da vida moderna, corre ‘riscos de graves e irreversíveis descaracterizações. (...) Na cidade de Paraty, importante sítio histórico tombado desde a década de 1950, a Festa do Divino participa, então, da construção da ‘identidade’ de lugar e de território para seus habitantes, ao consideramos a dinâmica de ocupação e de uso do espaço, que remete à paisagem, às edificações e objetos, aos ‘fazeres’ e ‘saberes’, às crenças e aos hábitos”, Dossiê de Registro da Festa do Divino Espírito Santo da Cidade de Paraty (2010).

A salvaguarda do patrimônio imaterial de Paraty garante a proteção dos bens culturais da cidade e a perpetuação das tradições para o futuro. A Festa do Divino é acontecimento que envolve a comunidade, rememorando séculos de História. Realizada todo ano, tem início no Domingo de Páscoa com o levantamento do mastro, estendendo sua programação até o Domingo de Pentecostes, considerado o principal dia da festa. 

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No ano de 2013 a Festa do Divino Espírito Santo de Paraty teve o Registro como Patrimônio Cultural Brasileiro pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Manifestação religiosa e cultural portuguesa, constitui-se como festa de agradecimento, de promessas e de cooperação. Dela participa a Folia do Divino: grupo de cantadores que têm como incumbência percorrer o município angariando fundos para custear a festa. “Quem cuida de sua organização é o festeiro ou festeira. É ele quem nomeia todos os que irão ajudar, tanto no peditório de prendas como nos preparativos da festa. Segundo o costume, o festeiro é escolhido com um ano de antecedência”, Paraty: religião e folclore (Thereza e Tom Maia, 2015). 

O “festeiro”, apesar de estar no singular, configura-se sempre em um casal - não é obrigatoriamente o marido e a esposa. Isso tem uma implicação interessante e bem característica da Festa paratiense, pois a Celebração do Divino é uma festa de famílias. “O vocábulo singulariza todos os membros da família na figura do festeiro. (...) E esse envolvimento da família em torno do festeiro se estende às outras relações de parentesco e de vizinhança, que se formam durante esse período de intenso convívio social”, informa o Dossiê de Registro no Livro de Celebrações do Iphan.

A festa compreende diversos espaços, sendo os principais localizados no Centro Histórico e arredores: a Igreja Matriz Nossa Senhora dos Remédios, a Praça da Matriz, a casa do festeiro e as ruas pelas quais a procissão passa durante os dias de celebração. A decoração tem bandeiras nas cores vermelho, simbolizando o Espírito Santo, e branco, simbolizando a paz e a pomba no Batismo de Jesus. Na quinta à noite, antes do primeiro dia da novena, a cidade já está tomada pelas tradicionais bandeirinhas e as janelas e sacadas das casas se destacam com a beleza da ornamentação. Hoje não só o Centro Histórico se veste do Divino. Em diversas localidades os Devotos enfeitam suas janelas e fachadas.

O mastro é erguido 50 dias antes do início da Festa, pintado de vermelho e branco, com uma bandeira na extremidade superior, onde está representado um “Divino”, figurado por uma pombinha branca; na ponta, outro “Divino” esculpido em madeira. A decoração é uma realização da Paróquia Nossa Senhora dos Remédios, por meio da Comissão da Festa do Divino. Este ano teve o apoio da Secretaria de Turismo, da Secretaria de Cultura, da Câmara Municipal e da Casa da Cultura na decoração dos equipamentos públicos.

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Folia do Divino

A Folia do Divino anuncia a festa com sua toada. Temos o mestre, o contra mestre (que são os tocadores de viola), o tocador de pandeiro, o tocador de caixa e a pessoa que carrega a bandeira. Os foliões vão de casa em casa para levar informações, contar causos, cantar e convidar o povo para a Festa e esmolar. Uma diferença entre a Folia de Reis e a Folia do Divino é que a de Reis acontece apenas no período da noite e a Folia do Divino pode ser celebrada em qualquer hora do dia ou da noite. A programação cultural da Festa éuma realização da Paróquia Nossa Senhora dos Remédios e Prefeitura de Paraty, por meio da Secretaria de Cultura e da Secretaria de Turismo, em parceria com a Casa da Cultura de Paraty, SESC Paraty, IHAP e Mega Gincana.

Mega Gincana

A Mega Gincana do Divino acontece desde o ano de 1998 e mobiliza mais de 2 mil jovens Paratienses que participam tanto da pré-produção, quanto das provas propostas pela Comissão Organizadora. Em 2023 o tema é "Fraternidade e Fome", seguindo a Campanha da Fraternidade, que propõe sensibilizar a sociedade para o enfrentamento à situação de miséria sofrida por milhões de brasileiros e brasileiras.

Nos dias 20 e 21 de maio a programação da Mega Gincana acontece na Quadra da Matriz, no Centro Histórico. O encerramento terá como tema “100 anos da Portela e as Escolas de Samba de Paraty”.

A cerimônia de entrega dos apoios da Prefeitura de Paraty para a Mega Gincana aconteceu no dia 17 de maio no Cinema da Praça. O Secretário de Cultura José Sérgio Barros esteve presente e reiterou a importância do evento como tradição da cidade. Representantes das equipes Avalanche, Feirinha, Kamikaze e Os Urdinários receberam camisetas, apoio em material cenográfico e materiais gráficos.

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Bonecos Folclóricos

Em 2014, foram produzidos pela Secretaria de Cultura de Paraty, por meio do artista plástico João Paulo Alcântara, bonecos de papietagem, bambu e pano que integram o imaginário folclórico de Paraty, entre eles: a Miota, o Boizinho, o Cavalinho e o Peneirinha.

Na Festa do Divino Espírito Santo, os bonecos folclóricos, junto às danças populares, os cirandeiros e a banda de música formam uma combinação entre manifestações de devoção e divertimento público. É de costume nas últimas festas, após o almoço do Divino, as crianças brincarem com as figuras do folclore da cidade.

Em 2021, os bonecos foram restaurados pela artista plástica e também servidora da Secretaria de Cultura Ana Cláudia Vieira. A cultura popular, presente nesta e em outras festas, repleta de múltiplos signos dá diversidade para a identidade paratiense.

Andor do Divino

Há diversos anos um grupo de moradores de Paraty sai pelas ruas de pé de moleque do bairro histórico em procissões carregando um andor de seu santo de devoção. O andor da Festa do Divino é constituído por uma padiola em madeira, panejamentos, flores – brancas e vermelhas – e o resplendor do Divino. Em Paraty, o resplendor é uma peça em madeira do século XVIII, dourado e em formato de ostensório. Assim como as pombinhas das bandeiras e o mastro, é reproduzido por artesãos e artistas plásticos da cidade e ganham espaço nas casas de devotos e admiradores desta festa.

Seu Chico Divino – escultor, artesão e restaurador – se destaca com sua produção de peças ligadas ao culto ao Divino Espírito Santo. Começou a restaurar pombinhas de madeira das bandeiras do Divino ainda criança, aos 11 anos. O ofício da carpintaria, herdado do seu pai e do seu avô, é praticado até os dias de hoje e suas peças têm procura pela comunidade local e pessoas de outras cidades e países.

Império do Divino

Em Paraty, durante o último final de semana da festa, é montado o Império do Divino, um estrutura constituída por um coreto de madeira e decorada com sanefas e alcatifas. Nele, o menino imperador e sua corte - dois meninos guardas e dois meninos vassalos - participam dos ritos populares, entre eles a execução das danças folclóricas.

Diferente de festas do Divino de outras cidades brasileiras, o imperador não é o festeiro, ele é um menino/jovem da cidade escolhido pelos festeiros e que após ser coroado passa a usar trajes típicos. A origem da presença do imperador e sua corte da festa é desconhecida, mas ela integra a memória social desta comunidade.

Danças Folclóricas

As Danças Folclóricas são realizadas no sábado à noite, véspera da Festa. A Dança dos Velhos, Dança das Fitas e Ciranda geralmente são apresentadas por alunos das escolas da cidade sob a orientação de um patrono ou responsável, reafirmando essa tradição ano após ano. A Xiba e o Cateretê são apresentados ao Imperador pelo Grupo Folclórico de Tarituba, que mantém até hoje esses saberes vívidos na comunidade. A Congada vinda de Cunha, cidade vizinha no Estado de São Paulo, presenteia as noites de sábado do Imperador com o famoso Marra-Paiá. Cada dança tem sua especificidade, origem, ritmo e beleza. Todas compõe a cultura popular de Paraty e do Brasil.

Organização do texto: Débora Monteiro

Revisão: Milton Batista

Fotografia: Filipe Campos

Clique aqui e confira em nossas redes a programação cultural da Festa do Divino 2023

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